Transferencia de conocimientos en multinacionales emeregentes: Encuesta de multinacionales brasileñas
Felipe Mendes Borini* y Moacir De Miranda Oliveira Junior**
Recibido: 14-03-2009 - Aprobado: 20-06-2009
A população da pesquisa foram as multinacionais brasileiras com atividades manufatureiras ou de serviço profissional no exterior. Esta escolha exclui da análise representações comerciais, lojas ou postos de distribuição no exterior. Assim, com base em pesquisas secundárias em diversos mailing nacionais, em especial o da Editora Análise, e em estudos da Unctad e Cepal, obtivemos um resultado de quarenta e seis (46) multinacionais brasileiras em atividade até o ano de 2006.
Cada uma das empresas foi contatada pessoalmente para a explicação dos objetivos de pesquisa e dos resultados esperados. Do universo, 30 multinacionais aceitaram participar da pesquisa.
A pesquisa foi realizada em duas etapas. Na primeira etapa foi enviado um questionário com perguntas relacionadas à atividade da matriz, a ser respondido pelo CEO ou pelo responsável da área de Negócios Internacionais da empresa. Cada matriz deveria responder ao menos um questionário para cada relação com as subsidiárias. Como se trata de um processo novo e emergente, em sua grande parte o tratamento da matriz para com as subsidiárias foi considerado uniforme pelos respondentes.
A primeira etapa foi a mais demorada, pois era necessário convencer a presidência ou diretoria da empresa para participar da pesquisa, e em seguida conseguir a aprovação e indicação da matriz para a participação da pesquisa das subsidiárias.
A segunda etapa consistiu em estabelecer contato com cada country manager das subsidiárias dessas 30 empresas, em um total de 93 subsidiárias e uma média de 3 subsidiárias por empresa. Os contatos foram passados pelos respondentes na matriz e foi concedida uma autorização geral da presidência para o preenchimento dos questionários. Dessas empresas, algumas tinham somente uma subsidiária e outras oito filiais estrangeiras. Das 93 subsidiárias envolvidas, 66 filiais estrangeiras responderam o questionário, que foi devolvido via Internet, com um acompanhamento telefônico para qualquer dúvida dos respondentes. O período total de coleta de dados foi de oito meses: de dezembro de 2006 a julho de 2007.
A amostra é composta de 79% de multinacionais brasileiras (MNBrs) manufatureiras e 21% do ramo de serviços. No exterior, 42% das MNBrs desempenham atividades manufatureiras no exterior, 33% desenvolvem serviços profissionais e o restante (25%) desempenha ambas as atividades.
As subsidiárias das MNBrs estão localizadas principalmente na América Latina (35%), seguida por Europa (17%) e América do Norte (15%). Individualmente, o país com maior número de subsidiárias são os EUA (15%), seguidos por Argentina (14%) e México (8%). China (7%) já figura como um destino importante de nossas subsidiárias.
Quanto aos mercados atendidos, 40% das subsidiárias são voltadas para atender exclusivamente o país hospedeiro. O mercado que é o maior destino das vendas é a América Latina (33%), seguida pela Europa (23%) e América do Norte (23%). A África é o mercado de 15% das subsidiárias, e Ásia, Leste Europeu e Oriente Médio representam cada um 10% do mercado das subsidiárias.
A forma de entrada das MNBrs no exterior está dividida entre aquisições (43%) e investimento direto (42%), com 15% de joint-ventures ou alianças.
As MNBrs ainda são novatas no mercado global: 50% iniciaram suas operações no exterior após 1999 e outras 30% na década de 90. Assim, 80% das subsidiárias não têm mais que 15 anos de operações no exterior.
As variáveis referentes aos mecanismos de transferência de conhecimento tanto da matriz para as subsidiárias como das subsidiárias para a matriz são as seguintes: reuniões com os executivos da contraparte; manuais de orientação e implementação; expatriação de executivos; treinamentos; viagens para as unidades; benchmarking interno; banco de melhores práticas; equipe de projetos responsável pela implementação (Gupta; Govindarajan, 2000).
A variável transferência do conhecimento da matriz para as subsidiárias é composta das variáveis que seguem (LI, Barner-Rasmussen, Bjorkman, 2004; Schulz, 2001): transferência de competências de pesquisa e desenvolvimento, produção, vendas, marketing e recursos humanos. Tais variáveis apresentaram Alpha de Cronbach de 0,812. A pergunta verifica o quanto dessas competências são provenientes da matriz corporativa e são usadas tal como na matriz. Em média existe uma intensidade de 3,18 numa escala de 1 a 5 pontos.
A variável reconhecimento do conhecimento da subsidiária pela matriz é composta das seguintes variáveis (Li, Barner-Rasmussen, Bjorkman, 2004): reconhecimento de competências de pesquisa e desenvolvimento, produção, vendas, marketing e recursos humanos. Tais variáveis apresentaram Alpha de Cronbach de 0,883. Em média existe uma intensidade de 2,10 numa escala de 1 a 5 pontos.
As variáveis de controle são três: modo de entrada, idade e localização da subsidiária.
A idade média das subsidiárias é de onze anos; desse modo, foi composta uma variável dummy para as subsidiárias mais jovens (0) e as mais antigas (1).
Teoricamente, as subsidiárias mais antigas teriam uma maior probabilidade de desenvolver conhecimento, para não necessitar tanto do conhecimento transferido da matriz. Por outro lado, essa autonomia e independência no desenvolvimento de conhecimento poderiam ser prejudiciais ao reconhecimento do conhecimento criado pela subsidiária.
Todavia, ao se usar a variável de controle idade, deve-se ter um cuidado específico em relação às subsidiárias provenientes de aquisições, pois, embora, sejam novas para a corporação, essas empresas têm uma trajetória própria de desenvolvimento de conhecimento. Entretanto, ainda que essas subsidiárias possam desenvolver conhecimento com maior intensidade no seu estágio inicial, há falta de alinhamento do conhecimento com as diretrizes gerais da corporação. Com o passar do tempo, o conhecimento pode ser alinhado às diretrizes corporativas e classificado como reconhecidas ou mesmo passiveis de transferência reversa. A segunda variável de controle é o tipo de entrada, composta pela dummy aquisição e joint-venture (0) e greenfield investments (1).
Subsidiárias provenientes de aquisições são aquelas que num primeiro instante poderiam proporcionar novos conhecimentos possíveis de serem usados como competências das multinacionais. No entanto, tais conhecimentos podem apresentar-se como simplesmente locais, dadas às diferenças de valores com as demais unidades da rede e esse conhecimento local teria pouquíssima chance de ser transferido, a não ser que a semelhança cultural da empresa adquirida fosse suficiente de forma que um processo de socialização pudesse reduzir as distâncias organizacionais (Bhagat et al., 2002).
Na análise dos objetivos são usadas três técnicas estatísticas. Os testes t emparelhados para verificar se existe uma diferença no uso das ferramentas de gestão do conhecimento quando a transferência de conhecimento ocorre da matriz para as subsidiárias e quando o inverso ocorre. Com o objetivo de entender como a idade e o tipo de entrada em conjunto influenciam o uso de mecanismos de transferência de conhecimento tanto da matriz para as subsidiárias como das subsidiárias para a matriz foi conduzido testes de manova. Neste caso as variáveis de mecanismos de conhecimento foram agrupadas em uma variável resultante da média da intensidade das oito variáveis relacionadas à transferência de conhecimento da matriz para as subsidiárias (alpha de Cronbach de 0,851) e outra variável resultante da média da intensidade das oito variáveis relacionadas à transferência de conhecimento das subsidiárias para a matriz (alpha de Cronbach de 0,913). Ambas as variáveis suportam os pressupostos de normalidade para p < 0.05 auferida com o teste de Kolmogorov-Smimov.
O teste de Box M (p = 0,026) rejeita a hipótese das variâncias das variáveis dependentes no conjunto serem iguais, pois o nível de significância p < 0.05, porém aceita para o nível de significância p < 0.05. Entretanto, a violação desta suposição tem seu impacto diminuído, pois os grupos têm tamanhos aproximadamente iguais, sendo que o tamanho do maior grupo dividido pelo menor não ultrapassa 1,5 (Hair, et al, 2005). Por sua vez, o teste de Bartelett identifica que a matriz das correlações das variáveis dependentes é diferente da matriz identidade notada pelo nível de significância p<0.05.
A regressão linear múltipla é usada para ver o quanto a transferência de conhecimento da matriz para as subsidiárias e inversamente é influenciado diretamente pelas ferramentas de gestão do conhecimentos discutidas no artigo. As variáveis independentes são as ferramentas de gestão do conhecimento e as variáveis dependentes a transferência de conhecimento da matriz para as subsidiárias (modelo 1) e a transferência de conhecimento das subsidiárias para a matriz (modelo 2). As variáveis de controle são as dummies idade da subsidiária e tipo de entrada.
A figura 1 apresenta os aspectos descritivos da transferência de conhecimento da matriz para as subsidiárias e transferência de conhecimento das subsidiárias para a matriz. Os números mostram que as multinacionais brasileiras estão mais preocupadas com a transferência do conhecimento da matriz para as subsidiárias que no sentido contrário. Os mecanismos mais usados para a transferência da matriz para as subsidiárias são os expatriados, reuniões, benchmarking e treinamento. No sentido contrário os mecanismos mais usados são as reuniões e viagens.
Figura 1
Fonte: os autores
A tabela 1 mostra os resultados para o uso dos mecanismos de gestão do conhecimento quando existe a transferência de conhecimento da matriz para as subsidiárias e transferência de conhecimento das subsidiárias para a matriz. O resultado mostra que existe uma diferença significativa para todos os mecanismos. Em todos os casos os mecanismos de gestão do conhecimento são usados em maior intensidade quando o fenômeno em questão é a transferência de conhecimento da matriz para as subsidiárias. Esse resultado não suporta os pressupostos P1a, P1b e P1 c
A tabela 2 mostra o teste manova para a transferência de conhecimento em ambos os sentidos. Os testes mostram que os resultados observados quanto à intensidade dos mecanismos de transferência de conhecimento não são influenciados de maneira significativa nem pela idade da subsidiária, nem pelo tipo de entrada e muito menos pela interação desses dois fatores.
A tabela 3 mostra os testes de regressão para a transferência de conhecimento da matriz para as subsidiárias (modelo 1) e para a transferência de conhecimento das subsidiárias para a matriz (modelo 2).
O resultado mostra que para a transferência de conhecimento da matriz para as subsidiárias o benchmarking realizado na matriz é o mecanismo de maior importância usada pelas multinacionais brasileiras. Acresce a esse mecanismo o uso de expatriados nas subsidiárias para a implementação do conhecimento da matriz. O tipo de entrada impacta diretamente a transferência do conhecimento. As subsidiárias constituídas por greenfield investiments são maiores receptoras de conhecimento que as originadas de aquisições. O resultado somente suporta o pressuposto P2b.
Por outro lado, quando se fala em transferência de conhecimento das subsidiárias para a matriz, o resultado mostra que novamente o benchmarking é um mecanismo importante. Entretanto, quem realiza o benchmarking não é a matriz, mas sim as subsidiárias empreendem esforço próprio para o reconhecimento de seu conhecimento. Dois outros mecanismos aparecem com importância: o uso pela matriz de bancos de melhores práticas de subsidiárias e a constituição de equipes de projetos que saem das subsidiárias para vender e transmitir seu conhecimento na matriz. O resultado suporta os pressupostos P1c; P2c e P3c.
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