Hábitos alimenticios y religiosos en Brasil: Consumo utilitario vs consumo hedónico
Maria de Fátima Evangelista Menonça Limay Dario de Oliveira Lima-Filho
Este artigo teve como objetivo entender como se dá a prática alimentar entre membros das doutrinas católica e protestante, a partir do pressuposto de que o católico apresenta comportamento hedonista e o protestante comportamento funcional-utilitarista. Os resultados revelam não haver uma forte associação entre hedonismo e católicos e entre utilitarismo e protestantes. Ambos mostraram ser um pouco hedonista, um pouco funcionalista. Durante as entrevistas, alguns protestantes chegaram a comentar sobre a questão do prazer na alimentação, que não deve ser ingerida buscando o seu sabor e satisfação e sim a sua utilidade, favorecendo uma vida saudável para servir a Deus. Porém, foi possível entender que, apesar de expressarem os seus pontos de vista utilitaristas, os protestantes também apontaram hábitos alimentares com características hedonistas. Os entrevistados, independentemente da religião, afirmaram possuir uma alimentação controlada, prática, saudável durante toda a semana, caracterizando, assim, um comportamento mais funcional-utilitarista. Entretanto, nos finais de semana ou em datas especiais, adotam um comportamento mais hedonista, quando procura sair da rotina diária e sentir prazer na alimentação, ou seja, pode-se perceber um certo movimento, com o comportamento funcionalista de segunda a sexta-feira, e a busca do hedonismo nos fins de semana, não importando a religião. Sendo assim, não é possível dicotomizar a prática alimentar hedonista e utilitarista-funcional, ou seja, entre razão e emoção, pois ambas as dimensões estão presentes no pensar, sentir e fazer do ser humano. Retomando Albornoz (2006), pode-se dizer que do ser humano derivam tanto as disposições copóreo-instintivas da ordem “dionisíaca”, como as inspirações intuitivo-racionais da ordem “apolínea”, que não se separam; antes podem, e mesmo, devem ser unidas para formar um composto, compreendido em sua interdependência e complexa capacidade de interação. O caráter exploratório desta pesquisa leva a afirmar que os resultados não são representativos para a população de católicos e protestantes, mas servem como base para um aprofundamento sobre a questão. Também, é necessário considerar que apenas os adventista não representam o universo de protestantes; outros grupos, (luteranos presbiterianos, metodistas) devem ser incluídos em futuras pesquisas.
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