Espacios. Vol. 34 (7) 2013. Pág. 4 |
Abordagem em Saúde e Segurança do Trabalho: Estudo do Perfil dos Servidores de um Hospital UniversitárioApproach to Health and Safety work: Study of the Profile of Servers in a University HospitalMarlene Kreutz RODRIGUES 1, Leoni Pentiado GODOY 2, Daniel Benitti LORENZETT, Édio Patric GUARIENTI, Odete Teresinha PORTELA y Lucas Kreutz RODRIGUES Recibido: 25-04-2013 - Aprobado: 23-06-2013 |
Contenido |
Gracias a sus donaciones esta página seguirá siendo gratis para nuestros lectores. |
RESUMO: |
ABSTRACT: |
1. IntroduçãoNos últimos anos, as organizações hospitalares passaram a preocupar-se com a qualidade dos serviços, focando principalmente na satisfação e até mesmo na superação das expectativas dos clientes. Neste contexto, as organizações hospitalares buscam diversas ações com o intento de melhorar continuamente a qualidade dos serviços prestados. O profissional é da área de saúde pode ser chamado de um condutor a auto realização do homem moderno que encontra dificuldades em dar sentido a vida, se não pelo trabalho. E por ser no local de trabalho que o homem concentra grande parte da sua vida, as condições laborais passam a ser fundamentais para o bem-estar físico e mental do trabalhador. Portanto, a instituição deve investir na qualidade de vida dos funcionários durante a sua jornada de trabalho, ou seja, na saúde e segurança, no desenvolvimento e na satisfação do trabalhador, e não só na tecnologia, através de um processo de educação contínua, fornecimento de EPIs, e avaliação de riscos. Acidente de trabalho é “o evento súbito ocorrido no exercício de atividade laboral, independentemente da situação empregatícia e previdenciária do trabalhador acidentado” (Brasil - Ministério da Saúde, 2006). Neste sentido, é fundamental que as organizações hospitalares busquem aperfeiçoar a qualidade dos serviços hospitalares, portanto, o atendimento deve ser flexível, adaptando-se às necessidades específicas de cada cliente, desde a sua chegada até a sua recuperação. O acidente pode acarretar dano à saúde potencial ou imediato, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que pode causar direta ou indiretamente, a morte ou a perda ou redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho. Inclui-se também, o acidente ocorrido em qualquer situação em que o trabalhador esteja representando os interesses da empresa ou agindo em defesa de seu patrimônio, assim como, aquele ocorrido no trajeto da residência para o trabalho ou do trabalho para a sua residência (Brasil - Ministério da Saúde, 2006). São inúmeros os riscos aos quais os profissionais que atuam em instituições hospitalares são expostos, decorrentes da assistência direta prestada aos pacientes com diversos tipos de doenças infecciosas de variados graus de gravidade e complexidade. A assistência implica no manuseio de equipamentos pesados e materiais perfurantes e/ou cortantes muitas vezes contaminados por sangue, fluidos e quimioterápicos. A ocorrência dos acidentes do trabalho é atribuída muitas vezes ao não seguimento dos padrões definidos o não uso de Equipamentos de Proteção Individual, entre outros. No entanto, há muitas outras variáveis que contribuem para as ocorrências de falhas como: falta de treinamento; inexperiência; indisponibilidade de equipamentos de segurança; fadiga; repetitividade de tarefas; dupla jornada de trabalho; distúrbios emocionais; excesso de autoconfiança; pouca qualificação profissional; desorganização do serviço; despreparo emocional para situações de emergência; negligência; falta de definição clara dos padrões de qualidade da instituição, fluxos de trabalho, definição de responsabilidades; capacitações periódicas e auditorias de avaliação. Apesar da ênfase que vem sendo dada nos últimos anos no Brasil em relação Os acidentes de trabalho que acometem os profissionais que atuam nos serviços de saúde derivam de complexas inter-relações e não devem ser analisados de forma isolada. O que realmente deve acontecer é uma análise do contexto dos processos de trabalho e produção, das formas como o trabalho é organizado e realizado, das condições de vida dos profissionais expostos, enfim, das cargas de trabalho presentes no dia-a-dia dos trabalhadores. Apesar da existência da norma de Serviços Especializados de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT), estabelecida na Portaria no 3.214/78, nem sempre suas orientações são seguidas pelo campo. Os espaços de intervenção e atenção em saúde do trabalhador seguem uma tendência mundial dos países que passaram por movimentos de Reformas Sanitárias semelhantes. Sabendo que, o grande patrimônio das instituições são as pessoas, justifica-se conhecer a característica de seus profissionais e o meio que os circunda no ambiente de trabalho para poder direcionar os investimentos em prol da melhoria contínua dos processos e serviços. Justifica-se, assim, a realização deste estudo para caracterizar os profissionais da saúde do Hospital Universitário de forma a identificar o perfil do trabalhador nos quesitos saúde, qualidade de vida, e atualização profissional. Realizado este diagnóstico pretende-se propor estratégias que num segundo momento, serão colocadas em prática para melhoria da qualidade de vida das pessoas na instituição, da qualidade dos serviços e da satisfação e comprometimento dos servidores tornando o Hospital mais produtivo. 2. A importância da prestação dos serviços em saúde pública pelos Hospitais UniversitáriosMundialmente, a tendência em gestão é reforçar a ideia da qualidade como instrumento-chave na busca da sobrevivência em um mercado competitivo. Neste contexto, o ser humano volta a ser elemento essencial para que as empresas obtenham resultados com qualidade e em consequência a produtividade. Durante várias décadas o foco estava mais voltado para incorporação tecnológica. Hoje se sabe que é necessário um equilíbrio onde o profissional tem um papel vital para o sucesso da empresa. Razão pela qual cada vez mais estão sendo definidas estratégias de valorização e segurança das pessoas na empresa. Tomando por base a importância dos serviços prestados pelo Hospital Universitário em estudo, a sua variedade de especializações no atendimento ao cliente, além de sua importância para a qualidade de vida da população da região central do estado do Rio Grande do Sul, beneficiados com esse atendimento. Portanto, reconheceu-se a necessidade de um estudo sobre a caracterização do perfil sócio-profissional de servidores de um hospital universitário localizado no sul do Brasil. O hospital não se entende sem a comunidade que ele serve, sendo nessa que encontra justificativa de sua própria existência. Hospital e comunidade necessitam-se reciprocamente, são interdependentes, um para se sentir amparado o outro para cumprir uma missão de solidariedade. Na verdade, se pensarmos em saúde e vida, entende-se que o hospital é um instrumento que garante e promove a saúde da comunidade, desempenhando uma série de atividades que exigem qualidade. Mas, para que isso aconteça é necessário que a equipe de atendimento aos clientes esteja satisfeita no trabalho e também com o ambiente para poderem desenvolver seus potenciais para a plena realização como profissional. Conforme Berndt e Coimbra (1995), a raiz da qualidade de vida envolve a concepção pluralista do trabalho. O hospital em estudo é de grande porte e alta complexidade. Conta com cerca de, 1.824 funcionários (públicos 1348, terceirizados 363 e contrato determinado 113), que estão expostos a vários tipos de riscos: biológicos, químicos, físicos, mecânicos e ergonômicos. Também é preocupante o número de atestados/afastamentos concedidos por acidente de trabalho, acidentes de trajeto, Lesões por esforço repetitivo (LER)/ Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), depressão, estresse entre outros. Em média, no ano de 2008 mantiveram-se afastados 77 pessoas (servidores públicos) por dia do seu ambiente de trabalho correspondendo a 5,59% da força de trabalho, sendo que a média no Brasil está em torno de 1,6%. Por isso realizar um estudo que faça um diagnóstico e possa apontar possíveis estratégias de resolução é de muita valia e importância para a própria instituição. 2.1 Gestão em serviços de saúdeO comportamento humano nas organizações é bastante imprevisível, isso ocorre porque ele nasce de necessidades humanas e dos sistemas de valores. Todavia ele pode ser parcialmente compreendido em termos de pressupostos das ciências do comportamento da administração e outras disciplinas. Diante de tantas variações de comportamento humano, como a empresa obtém os melhores resultados de seus profissionais? Não existem fórmulas simples para se trabalhar com pessoas. Não existe uma solução perfeita aos problemas da organização. Tudo o que pode ser feito é aumentar o nosso conhecimento e habilidades de tal forma que os relacionamentos no trabalho possam ser mais bem avaliados. Assim, identificar e valorizar as potencialidades de cada profissional. Quando as pessoas entram numa organização, trazem consigo certas forças e necessidades que afetam seu desempenho na situação de trabalho. Algumas vezes, “são facilmente perceptíveis, mas frequentemente tais forças e necessidades são difíceis de determinar e satisfazer, além de variarem enormemente de uma pessoa para outra”. (Feldman, 2008) O ponto vital é que a estrutura organizacional “é um arranjo das relações de trabalho de indivíduos e não simplesmente um processo impessoal de unir tijolos para construir um edifício”. Sendo um sistema de ordenação de seres humanos complexos, está sujeita, em determinados casos, as modificações que as possíveis combinações de personalidades possam exigir. (Boog, 2002) A capacidade de liderança de um gestor consiste no poder de motivar, dirigir, influenciar e comunicar-se com seus subordinados. Os administradores só podem liderar se os subordinados estiverem motivados para segui-los. Os gestores trabalham com as pessoas e por intermédio delas. A motivação é curiosa porque os motivos não podem ser observados ou medidos diretamente, tem que ser inferidos do comportamento das pessoas. As reações das pessoas à satisfação ou a não satisfação de uma necessidade variam. Quanto mais conseguirmos conhecer as pessoas que nos cercam e a nós mesmos, mais capazes seremos de entender suas necessidades e o que as motivará. Todavia, o comportamento humano depende de tantas variáveis e alternativas que somos obrigados a fazer previsões incorretas num bom número de vezes. Pesquisa como a que está sendo proposta ajuda a minimizar erros por apresentar a opinião direta dos profissionais e pacientes. 2.2 Saúde e Segurança no trabalhoO hospital, de maneira geral, é reconhecido como um ambiente insalubre, penoso e perigoso para os que ali trabalham, estudos anteriores aponta que, neste local há favorecimento para o adoecimento. Além dos riscos de acidentes e doenças de ordem física aos quais, os trabalhadores hospitalares estão expostos, o sofrimento psíquico é também bastante comum e parece estar em crescimento, diante da alta pressão social e psicológica a que estão submetidos àqueles trabalhadores, tanto na esfera do trabalho quanto fora dela. As difíceis condições de trabalho e de vida podem estar relacionadas com a ocorrência de transtornos mentais, como a ansiedade e a depressão, frequentes entre os profissionais da saúde. A divisão do trabalho no hospital reproduz em seu interior a evolução e a divisão do trabalho no modo de produção capitalista, sendo preservadas, no entanto, as características caritativo-religiosas. O hospital carrega o ônus da dor, da doença e da morte desde sua criação. O processo de trabalho hospitalar é parcelado e reproduz as características da organização do trabalho industrial, o que produz trabalhadores ora compromissados, ora desesperançados. Eles frequentemente repetem a lógica do trabalho taylorizado, muitas vezes oculto pelo discurso do trabalho em equipe. (Silva, 1998). A incorporação de novas tecnologias não significa, nesse setor, o alívio da labuta humana, ao contrário, o setor é essencialmente de trabalho intensivo. Na literatura científica cresce o número de relatos referentes a agravos psíquicos, a medicalizações e a suicídios de médicos, enfermeiros e porteiros de hospitais. (Pitta, 1991) As estatísticas mundiais de acidentes de trabalho, apesar de serem subnotificadas, são alarmantes. Mundialmente os acidentes são responsáveis por mais de 120 milhões de ferimentos e pelo menos 220 milhões de mortes por ano. Ocorre cerca de 160 milhões de doenças ocasionais por ano. (Pessini, 2000). As atividades dos profissionais de saúde são fortemente tensiógenas, devido às prolongadas jornadas de trabalho, ao número limitado de profissionais e ao desgaste psicoemocional nas tarefas realizadas em ambiente hospitalar (Guimaraes, 1999). O ambiente hospitalar apresenta aspectos muito específicos como à excessiva carga de trabalho, o contato direto com situações limite, o elevado nível de tensão e os altos riscos para si e para os outros. A necessidade de funcionamento diuturno, que implica na existência de regime de turnos e plantões, permite a ocorrência de duplos empregos e longas jornadas de trabalho, comuns entre os trabalhadores da saúde, especialmente quando os salários são insuficientes para a manutenção de uma vida digna. Tal prática potencializa a ação daqueles fatores que, por si só, danificam suas integridades física e psíquica. (Segurança e medicina do trabalho, 2000). Diante desse complexo e diferenciado ambiente de trabalho, o governo federal implantou em 2004, a Política Nacional de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde a qual visa à redução dos acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, mediante a execução de ações de promoção, reabilitação e vigilância na área de saúde. Suas diretrizes, descritas na Portaria nº 1.125 de 6 de julho de 2005, compreendem a atenção integral à saúde, a articulação intra e intersetorial, a estruturação da rede de informações em Saúde do Trabalhador, o apoio a estudos e pesquisas, a capacitação de recursos humanos e a participação da comunidade na gestão dessas ações. Além disso, em esfera interinstitucional, o Ministério da Saúde desenvolve uma política de ação integrada com os ministérios do Trabalho e Emprego e da Previdência Social, a Política Nacional sobre Saúde e Segurança do Trabalho (PNSST), cujas diretrizes compreendem: I - Ampliação das ações, visando a inclusão de todos os trabalhadores brasileiros no sistema de promoção e proteção da saúde; II - Harmonização das normas e articulação das ações de promoção, proteção e reparação da saúde do trabalhador; III - Precedência das ações de prevenção sobre as de reparação; IV -Estruturação de rede integrada de informações em Saúde do Trabalhador; VI -Promoção de agenda integrada de estudos e pesquisas em segurança e Saúde do Trabalhador. Neste contexto, a administração dos serviços de saúde deve ser reorganizada para oferecer a eficácia necessária para assim os sistemas e serviços mostrarem efetividade. A proteção do trabalhador das organizações hospitalares, no momento que executam as atividades vem sendo uma das maiores preocupações na área da saúde. Os esforços desenvolvidos pelos sistemas de saúde permitiram sensível redução no número de acidentes, assim como efetiva proteção do acidentado e seus dependentes (SILVA, 2011). Para Paoleschi (2009) A CIPA deve abordar as relações entre homem e o trabalho, objetivando a constante melhoria das condições de trabalho para prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho. A saúde do trabalhador é tradicionalmente manchada por conjunturas de empregadores negligentes e corporações que sacrificam tudo pelo lucro. Segundo Falcão e Rousselet (1999), os acidentes de trabalho, em sua maioria, poderiam ser evitados, se houvesse uma maior atenção ao fenômeno, desde o planejamento e o gerenciamento, até os processos de execução das práticas em Saúde e Segurança no Trabalho. A citação dos autores é confirmada pelo Aquino (1992) destacando que é por meio do treinamento que o empregado melhora o exercício de sua função e sua conduta dentro da organização. Dessa forma, essas tecnologias sofisticadas exigem como garantia ao funcionário da saúde, treinamento para executar as operações do equipamento com adequada segurança. O processo da segurança no trabalho é fundamental no setor de saúde, pois o trabalhador da área de saúde é responsável pela vida dos clientes que entram nesse processo. 2.3 Acidentes de trabalhoPara Heméritas (1994) acidente é uma ocorrência não programada, inesperada, que interfere no progresso ordenado do trabalho ou interrompe-o. Os acidentes também são vistos como fenômenos individuais ou restritos a um dos componentes do sistema sociotécnico aberto envolvido na atividade que era desenvolvida. Para Silva (2011), os acidentes podem ser previstos, se são previstos podem ser evitados, sendo que, os acidentes em geral são o resultado de uma combinação de fatores. Portanto, entre esses fatores estão às falhas humanas e falhas de materiais. Sendo os fatores indutores de acidentes, o tempo, os equipamentos, as máquinas, o tempo os homens e materiais. Analisando os fatores. Levando-se em consideração a especificidade da definição legal, Zócchio (1971); Cutuli et al. (1977); UNESP (1994); e Schlosser & Debiasi (2001) propuseram um conceito técnico de acidentes, mais amplo, com um objetivo prevencionista. No entanto para esses autores, acidente de trabalho são todas as ocorrências programadas que modificam a rotina normal de trabalho, podendo resultar em perdas de tempo e danos materiais ou físicos ao trabalhador. Os tipos de acidentes em sua maioria provêm de condições inseguras, por exemplo, máquinas sem proteção, piso escorregadio, arranjo físico perigoso e ambiente impróprio. Atos inseguros são aqueles tais como, dispositivo de segurança inoperante, utilizar equipamento inseguro, brincar em serviço, não utilizar equipamento de proteção individual (EPI). Pode-se dizer também que atos inseguros são devidos ao elemento humano, compreendem características física e mental. 2.4 Qualidade de vida no trabalhoA expressão qualidade de vida no trabalho foi introduzida, publicamente no início da década de 70, pelo professor Louis Davis (UCLA, Los Angeles). A literatura sobre a QVT tem sua origem da disciplina de Relações do Trabalho Industrial (Hsu & Kernohan, 2006). Surge um movimento pela Qualidade de Vida no Trabalho, QVT, principalmente nos EUA, devido à preocupação com a competitividade internacional e o grande sucesso dos estilos e técnicas gerenciais dos programas de produtividade japonesa, centrado nos empregados. Esta foi a primeira sugestão de que a QVT pode causar efeito sobre a produtividade (Nayeri & Noghabi, 2011). Tanto a Qualidade de Vida no Trabalho, QVT, quanto um processo e QVT como um resultado parecem inconsistentes, tornando-se difícil a definção de QVT (Cheung & Tang, 2009). Existia uma tentativa de integrar os interesses dos empregados e empregadores através de práticas gerenciais capazes de reduzir os conflitos. Outra tentativa era a de tentar maior motivação dos empregados, embasado suas filosofias nos trabalhos dos autores da escola de Relações Humanas, como Maslow, Herzberg e outros. O termo qualidade de vida tem sido usado com crescente frequência para descrever certos valores ambientais e humanos, negligenciados pelas sociedades industriais em favor do avanço tecnológico, da produtividade e do crescimento econômico (Feigenbaum, 2007). A qualidade tem a ver, essencialmente com a cultura da organização. São fundamentalmente “os valores, a filosofia da empresa, sua missão, o clima participativo, o gosto por pertencer a ela e as perspectivas concretas de desenvolvimento pessoal que criam a identificação empresa – empregado”. (Matos, 1997, p.40). Seguindo a afirmação do autor “a qualidade é antes de tudo uma questão de atitude, feita e garantida pelas pessoas, muito mais do que o sistema, as ferramentas e os métodos de trabalho” (p.24). O ser humano traz consigo sentimento, ambições, cria expectativas, envolve-se, busca o crescimento dentro daquilo que desenvolve e realiza. Assim, o homem não trabalha somente em função de obtenção de salário, se frustra com a falta de crescimento, se aborrece com o descaso de seus gestores que apenas lhe cobram a tarefa e não o integram às estratégias da empresa que lhe negam o acesso às informações, que o tratam apenas como uma peça a mais no processo de produção. A tecnologia de Qualidade de Vida no Trabalho pode ser utilizada para que as organizações renovem suas formas de organização no trabalho, de modo que, ao mesmo tempo em que se eleva o nível de satisfação do pessoal, eleve-se também a produtividade das empresas como resultado de maior participação dos empregados nos processos relacionados ao seu trabalho. A qualidade total teve influência para o desenvolvimento da qualidade de vida no trabalho, principalmente em função da maior participação dos funcionários nos processos de trabalho. Uma tentativa de eliminação da separação entre planejamento, execução, promovida principalmente pelos sistemas tayloristas e fordistas, descentralização das decisões, redução de níveis hierárquicos, supervisão democrática, ambiente físico seguro e confortável, além das condições de trabalho capazes de gerar satisfação, oportunidade de crescimento e desenvolvimento pessoal. Davis e Newstron (1991, p.47) afirmam que “embora não haja respostas simples para a questão da motivação, um importante ponto de partida reside na compreensão das necessidades do empregado”. No entanto hoje estão disponíveis na literatura inúmeros estudos sobre motivação e nos permitem implantar estratégias atuais com comprovada aplicação dos resultados organizacionais. Atualmente, devido ao avanço da inovação tecnológica na área da saúde, busca-se novas estratégias para induzir as pessoas a serem criativas para poder assumir uma postura transformadora diante da velocidade constante de mudanças. Para Hackman e Oldham (1975), a qualidade de vida no trabalho está relacionada às atividades exercidas e envolvem tanto características objetivas das tarefas como a avaliação que o indivíduo faz das múltiplas determinações de seu contexto de trabalho. Nesse sentido pode-se afirmar que, os recursos humanos são os principais agentes inovadores desde que estejam satisfeitos com seu trabalho, através da valorização da qualidade de vida. Para Martins (2002) a qualidade de vida requer satisfação no trabalho, motivação para a execução das tarefas, o aperfeiçoamento constante e a valorização do ser humano. Neste mesmo sentido Quellas & Morgado (1993) a qualidade de vida no trabalho pode ser entendida como bem estar relacionado ao emprego do indivíduo e a extensão em que sua experiência de trabalho é compensadora, satisfatória despojada de estresse e outras consequências negativas. A revolução atual, que insere o trabalhador na era do conhecimento, requer dele desenvolvimento de habilidade para lidar com um mundo extremamente complexo, incerto e instável. Todo o sistema de forças que atuam sobre o empregado tem que ser levado em consideração para que a motivação do mesmo possa ser adequadamente compreendida. Este sistema consiste em três variáveis que afetam a motivação nas organizações: as características individuais, as características do trabalho e as características da situação do trabalho. 3. Metodologia da pesquisaEstudo do tipo descritivo com abordagem quantitativa. Como estratégia de pesquisa, optou-se pelo estudo de caso (Giomo et al., 2009). As categorias abordadas foram: auxiliares e técnicos em enfermagem, enfermeiros, médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, farmacêuticos, farmacêuticos bioquímicos, psicólogos, técnicos em radiologia e técnicos e auxiliares de laboratório. O campo de estudo foi um hospital universitário federal localizado na região sul do Brasil. Trata-se de uma instituição de grande porte, atende média e alta complexidade, e é referência para 43 municípios da região (1.100.000 hab.), em diversas especialidades, na formação de recursos humanos na área da saúde e no desenvolvimento de práticas acadêmicas multidisciplinares. Conta com cerca de 1.824 profissionais. A amostra da população deste estudo foi selecionada de forma aleatória entre os profissionais da saúde do hospital. Para a estimativa do número de participantes na pesquisa, foram considerados os seguintes critérios de inclusão:
Procedida a assinatura, o passo seguinte foi decidir o critério de exclusão onde abrangeu: os profissionais em férias, em atestados médicos, em licenças e aqueles que não concordaram em participar da pesquisa. Após a concessão da permissão para a realização da pesquisa pela Direção de Ensino e Pesquisa do Hospital, o projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética e Pesquisa de uma Instituição de Ensino Superior pública federal para análise, atendendo-se ao recomendado pela Resolução nº 196/96, do Conselho Nacional de Saúde, tendo sido aprovado, sob-registro de Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE): 0129.0.243.000-09. Obedecidos tais critérios, obteve-se uma amostra de 349 profissionais, estratificado por categoria profissional. Nas categorias que existem menos de dez profissionais utilizou-se toda a população. O instrumento de coleta de dados foi validado após ser aplicado para 10 profissionais, constando-se a necessidade de adequação de alguns itens. Procedeu-se a coleta de dados no período de maio a junho de 2011. As informações coletadas foram digitadas em banco de dados apropriado, criado a partir do Programa MS Excel®. Após a alimentação deste banco de dados e conferência das informações, procedeu-se a sua análise. O tratamento dos dados ocorreu por meio da estatística descritiva. Os resultados encontrados foram discutidos com os dados da literatura sobre o tema e serão apresentados a seguir. 4. Resultados e discussõesA população estudada é composta por 270 pessoas do sexo feminino e 79 do sexo masculino e estão distribuídos em 10 categorias profissionais conforme Figura 1. Figura 1. Distribuição da população quanto à categoria profissional
Os dados evidenciam um contingente maior de pessoal na categoria de Auxiliar e Técnicos de Enfermagem, seguido por médicos e enfermeiros. Na categoria, médicos, estão inclusos os bolsistas residentes, o que justifica o número de profissionais maior do que enfermeiros, porém quando analisado sob o ponto de vista de equipe, a enfermagem tem uma representatividade maior do que os demais (62,2%). Em relação ao gênero, sob a ótica de equipe, observa-se que a enfermagem é uma profissão predominantemente feminina do total entrevistado 77,4%, apenas 22,6% são do sexo masculino. Segundo os padrões da divisão do trabalho, a predominância da mulher na enfermagem, historicamente, está relacionada à atividade de cuidar dos doentes com características tecnológicas próprias de assistir, alimentar, higienizar, prover elementos indispensáveis ao bom desenvolvimento do enfermo (Spindola, 2000), observe a Figura 5. Entre os profissionais da saúde do hospital, a média de idade é de 40 anos, sendo a mínima 23 e a máxima 66 anos (Figura 2). Figura 2. Faixa etária e genero Os funcionários, na sua maioria são casados, o que coincide com resultados de outros estudos (Spindola, 2000). Em relação ao número de filhos houve uma variação entre nenhum até cinco filhos, predominando um ou dois filhos por profissionais. Em um estudo realizado no Rio de Janeiro, em hospital público versando sobre ser mulher, mãe e trabalhadora de enfermagem, as participantes, em seus discursos, evidenciaram a dificuldade em conciliar os diversos papéis assumidos pela mulher com a rotina doméstica que absorve o seu cotidiano porque tudo o que ocorre em casa requer sua atenção, seu envolvimento. No trabalho, assumem suas atribuições de rotina como os demais trabalhadores contribuindo para a sobrecarga no trabalho. Assim, o cansaço com a dupla jornada muitas vezes é um fator que interfere em suas opções na vida familiar em relação ao número de filhos, já que a sobrecarga maior de responsabilidade sobre os filhos e as rotinas domésticas ainda recaem sobre elas (Brasil - Ministério da Saúde, 2001). Analisando os dados referentes ao grau de instrução (Figura 3), verificou-se que a maioria dos participantes da pesquisa possui nível médio, superior e grande parcela, especialização. Figura 3. Escolaridade e estado civil Ao relacionar os profissionais entrevistados com o número de ocupações, tem-se: 72,9% possuem uma; 22,8% duas; 3,4% três; 0,6% quatro; e 0,3%, cinco empregos (Figura 4). Figura 4. Número de filhos e de empregos Para avaliar a saúde do trabalhador e os acidentes de trabalho junto aos profissionais da saúde do hospital abordaram-se os aspectos relacionados ao uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), a identificação de doenças que afastaram os profissionais do trabalho nos últimos dois anos, a incidência de doenças crônicas e hábitos saudáveis de vida, a fim de propor estratégias para a promoção da saúde. 4.1 Acidentes de trabalhoA concepção de acidente de trabalho, nesta pesquisa, é qualquer evento que ocorre durante o desempenho laboral ou durante o deslocamento entre a residência e o local de trabalho. A doença profissional é a que foi produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho inerente à atividade. Todo acidente de trabalho deve ser registrado na instância previdenciária competente, utilizando-se a Comunicação de Acidentes de Trabalho (CAT) para este fim (Spindola, 2000). Em relação aos fatores de riscos para a saúde do trabalhador, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), define risco presentes ou relacionados ao trabalho e, classifica em cinco grandes grupos: riscos biológicos, físicos, químicos, ergonômicos e psicossociais (Bálsamo e Felli, 2006). Cerca de 46,8% dos profissionais entrevistados afirmaram ter sofrido algum acidente de trabalho. Quanto ao tipo (Figura 5), destaca-se o perfuro cortante (32,7%), seguido de respingo (14,8%). Vale ressaltar que acidentes com respingo, geralmente ocorre por falta de uso do Equipamento de Proteção Individual (EPI), principalmente óculos, em procedimentos que os expõe ao contato com o sangue. Ainda, foram relatados acidentes de percurso, contato com doença contagiosa, inalatórios, mordida de pacientes, traumatismo.
Figura 5. Principais causas de acidentes de trabalho Em relação ao uso de EPI, 49,8% (n=165) dos participantes responderam que sempre utilizam Equipamento de Proteção Individual (EPI) recomendado; 46,5% (n=154) às vezes 2,7% (n=9) não se aplicam e 0,9% (n=3) nunca usa. Do total da amostra 5,2% (n=18) não responderam a questão. As justificativas para não utilizar o equipamento de proteção individual foram: falta de material (n=13), esquecimento, descuido ou negligência (n=12), em emergência e por falta de tempo (n=5), diminui a sensibilidade (n=4) e ser desconfortável (n=2). Este fato é relevante, na medida em que, estudos realizados (Zenkner, 2006) mostraram que a exposição a materiais biológicos constitui preocupação de todos os profissionais em relação aos fatores de riscos decorrentes do contato direto ou indireto com sangue e outros fluidos corporais. Isto especialmente, no que se refere à Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e às Hepatites B ou C, doenças, cujos agravos trazem consequências nocivas à saúde dos trabalhadores (Oliveira, 2003). Ocorrem de uma a quatro soros conversões positiva por HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) a cada 1.000 punções acidentais. A contaminação de trabalhadores da saúde por vírus da Hepatite B é, porém, bastante alta, devido à sua alta capacidade infectante (risco médio de infecção de cerca de 3%). Por vírus da hepatite C é um pouco mais baixa, estando em cerca de 1%. Neste sentido, Shimizu e Ribeiro (2002) aponta a capacitação do trabalhador para a segurança no trabalho como uma estratégia na prevenção de acidentes, o que produz excelentes resultados quando associado à melhoria contínua dos ambientes e da organização do trabalho0. Este autor ressalta ainda que, o serviço deve oferecer abertura ao funcionário para que ele possa discutir ponderar e propor medidas de melhorias, tanto no ambiente quanto na organização dos processos de trabalho. Apesar dos profissionais serem conhecedores dos riscos, estudos mostra que mesmo após treinamento sobre o uso das precauções-padrão, os estudantes e trabalhadores da saúde de um hospital no Rio de Janeiro, não adotavam a lavagem das mãos antes e após a realização de procedimentos, bem como continuavam reencapando as agulhas utilizadas. A maioria dos profissionais da saúde conhece a importância do seu uso, porém não tem o cuidado de usá-los ao prestar assistência aos pacientes. Certamente os profissionais têm dificuldade em incorporar as medidas preventivas contidas nas precauções-padrão, porque requer nova aprendizagem e, principalmente, mudança de hábitos (Sêcco et al., 2003). Registrar adequadamente os acidentes de trabalho é responsabilidade tanto do profissional quanto do hospital, pois as informações contidas no formulário da CAT são de grande contribuição não apenas para o setor previdenciário, estatístico e epidemiológico, mas também para os setores trabalhistas e sociais (Ribeiro e Shimizu, 2007). A não notificação de acidentes é uma prática usual entre os trabalhadores brasileiros, tanto devido ao desconhecimento da necessidade desse tipo de registro, quanto ao excesso de procedimentos burocráticos. A subnotificação dos acidentes causados por materiais pérfuro-cortantes e fluidos biológicos é bastante alta porque os profissionais da saúde dão pouca importância para esse tipo de acidente, apesar do constante risco de adquirir doenças. Dentre os motivos apresentados, destacam-se: a percepção de que a lesão é pequena e a crença de que não irá causar danos para a saúde (Sêcco et al., 2003) e ainda, a complexidade do fluxograma da notificação, o medo dos resultados das sorologias para HIV, HBV e HBC, e a indevida importância ao fato (Spindola, 2000). Neste estudo, a categoria profissional que teve o maior número de acidentes de trabalho foi a dos auxiliares e técnicos de enfermagem 48,1% (n=78), seguida pelos enfermeiros 21,6% (n=35) e médicos 16,7% (n=27). Farmacêuticos e técnicos de laboratório, ambos, com seis acidentes, farmacêutico bioquímico e técnico de radiologia, ambos, com três acidentes; fisioterapeuta e técnico de farmácia com dois acidentes em cada categoria; psicólogo com um acidente e a categoria que não apresentou acidente de trabalho foi a de nutricionista. Possivelmente, esta maior frequência de acidentes entre os trabalhadores da enfermagem, quando comparada a outras categorias profissionais, decorre da complexidade do processo de trabalho da enfermagem, pois são esses profissionais que convivem mais tempo com os pacientes, realizam cuidados diretos e ininterruptos nas 24 horas do dia. Procedimentos que os expõem ao risco de acidentes, tais como: preparo e administração de medicação, coleta de sangue, punção venosa e realização de glicemia capilar. O número de profissionais reduzido aliado a gravidade do quadro clínico dos pacientes, a complexidade dos cuidados e a carência de materiais e equipamentos também são fatores que contribuem para aumentar o número de acidentes entre os auxiliares e técnicos de enfermagem. Também alguns estudos apontam que quanto menor o grau de qualificação profissional maior o risco de sofrer acidente de trabalho (Sêcco et al., 2003). No caso de acidente, pesquisa (Sarquis e Felli, 2002) sugere que o foco de análise deve incluir o estudo dos processos de trabalho em que os trabalhadores estão inseridos, bem como, o seu contexto de vida, uma vez que, estes interferem diretamente no desencadeamento destes agravos. A maioria dos acidentes de trabalho, que comprometem a saúde do trabalhador, está relacionada diretamente com o instrumento de trabalho utilizado para executar a sua função, com seu ambiente de trabalho, bem como com a quantidade de serviço que esse trabalhador desenvolve. Os autores afirmam que ritmo acelerado de trabalho, a dupla jornada desenvolvida por alguns profissionais são geradoras de acidentes e podem comprometer a saúde dos trabalhadores. Esse aumento do ritmo na produção é, também, gerador de ansiedade e medo no trabalhador, pois estará mais exposto aos riscos e a probabilidade da ocorrência dos acidentes (Brasil - Ministério do Trabalho e Emprego, 2007). Ao relacionar a ocorrência de acidente de trabalho com o número de empregos verificou-se que dos profissionais que possuem um emprego 49,4% (n=125) sofreram acidente, os que possuem dois empregos sofreram 41,7% (n=33), com três empregos sofreram 25% (n=3) e os trabalhadores com quatro empregos sofreram apenas 0,3% (n=1) dos acidentes. Esses dados mostram que não houve uma relação direta entre os acidentes de trabalho e o número de empregos que cada profissional possui. A incidência de acidentes relacionada a erros cometidos no trabalho seja por deficiência técnica ou cansaço, não são pequenas no universo dos acidentes registrados e estudados, cujas causas vão desde a precariedade das condições físicas do ambiente onde o trabalho se realiza as distorções em sua forma de organização até os comportamentos inadequados dos trabalhadores, na execução de suas tarefas (Shimizu e Ribeiro, 2002). Diante desta problemática, o foco é buscar estratégias preventivas possíveis que possam contribuir para a prevenção dos acidentes de trabalho e a promoção à saúde do trabalhador. Estratégias estas, que devem ser institucionalizadas, e trabalhadas com o fortalecimento das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPA, Sociedade Brasileira de Urologia, 2003). Assim como todas as demais estruturas organizacionais que se encarregam de educação e vigilância em saúde e educação permanente. 4.2 Saúde do TrabalhadorAo questionar se o trabalhador teve alguma doença durante os dois últimos anos que o afastasse do trabalho (Figura 6), constatou-se que 29,8% (n=104) afastaram-se e que 70,2% (n=245) não tiveram afastamentos no período, e 0,6% (n=2) não responderam. As principais doenças foram: Infecções do aparelho respiratório (n=21), Doença osteomusculares (n=15), Depressão (n=14), Doenças da coluna vertebral (n=13), Cirurgias (n=11) e Outras (n=53). Figura 6. Figura 6. Ocorrência de doenças nos profissionais nos últimos dois anos Em relação à realização de consultas médicas preventivas periódicas, a maioria afirma que realiza representado por 80,6% (n=278) enquanto que 19,9% (n=67) não realizam. De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (Gomes et al., 2008), um em cada seis homens com idade acima de 45 anos pode ter câncer de próstata sem conhecimento. É o tipo de neoplasia mais prevalente em homens, com estimativa de 1,5 milhão com diagnóstico nos últimos anos. Inclusive já é duas vezes mais frequente do que o câncer de mama (Brasil - Ministério do Trabalho e Emprego, 1978). Dos 79 participantes homens, 39 tinham idade igual ou superior a 40 anos. Destes, 21,5% (n= 17) realizam o exame de próstata periodicamente. Quanto às mulheres, verificou-se que das 270 mulheres, 50% (n= 135) realizam o exame de mamografia e 85,7% (n= 226) realizam o exame preventivo de câncer de colo de útero periodicamente. Do total de profissionais 18,1% (n = 63) não realizam nenhum tipo de exame periódico. 4.3 ImunizaçõesEm relação a imunizações dos profissionais, obteve-se uma frequência de vacinados para tétano correspondendo a 83,4% (n=291), para hepatite B 91,1% (n=318), para rubéola 52,4% (n=183), para febre amarela, 73,1% (n=255) e para gripe 76,8% (n=268). Aspecto positivo e importante, pois, destaca-se a importância da participação do trabalhador na busca de alternativas de prevenção que venham a minimizar os problemas decorrentes da exposição ocupacional e dos acidentes de trabalho (Ribeiro e Shimizu, 2007). A imunização é uma ação que precede os exames ocupacionais, sendo uma intervenção específica para os fatores de risco biológico imunopreveníveis. Esta ação está implícita (Santos et al., 2011) como atribuição do Serviço Especializado de Segurança e Medicina do Trabalho e também no modelo de saúde do trabalhador de vigilância em saúde para as empresas públicas, privadas, estabelecimentos e serviços de saúde e laboratórios (Santos et al., 2011). 4.4 Doenças pré-existentesDos participantes da pesquisa 14,3% (n=50) são hipertensos e 3,2% (n=11) diabéticos. A Figura 7 mostra a distribuição de doenças pré-existentes por grupos sendo doenças da coluna vertebral, osteomusculares, distúrbios metabólicos, distúrbios psíquicos, respiratórios e outras doenças. Figura 7. Doenças pré-existentes nos profissionais pesquisados O nível de prevenção primária incide em doenças cujas causas são conhecidas, orientando ações. Nesse sentido, a prevenção se volta para uma ação orientada para que o sujeito não adoeça e possa desfrutar de melhor qualidade de vida, para tal, é necessário envolvê-lo com informações relevantes para que se insira ativamente e possa incorporar hábitos preventivos (Gomes et al., 2008). 4.5 Atividades físicasAo questionar quanto à realização de atividade física semanal 45,6% (n=159) dos trabalhadores relatam realizar algum tipo de atividade física, enquanto 53,3% (n=186) não realizam. Dos praticantes de atividade física, 21,5% (n=75) realizam mais de duas vezes por semana e 14,5% (n=51) até duas vezes por semana. Os demais participantes realizam atividade física uma vez por semana ou esporadicamente. Assim, os profissionais que realizam regularmente atividade física totalizam 36% (n = 126). 4.6 AlimentaçãoEm relação à alimentação sadia, verificou-se que 58,5% (n= 204) controlam gorduras, 42,1% (n = 147) doces e 39,3% (n = 137) o uso do sal, 0,3% (n = 1) controlam o uso do glútem e na mesma percentagem são vegetarianos. Contudo, constatou-se que 32,4% (n = 113) não realizam nenhum tipo de cuidado alimentar. 4.7 Uso de medicamentosConstatou-se que 48,4% (n=169) dos trabalhadores usam algum tipo de medicamento em que, se incluem antidepressivos (16%), anti-hipertensivos (14,3%), hipoglicemiantes (3,2%), dislipidemiantes (5,2%), anti-inflamatórios (5,4%) e 4,3% referem usar outros tipos de medicamentos. Em relação à indicação para uso do medicamento, a maioria (n=155), 91,7% segue indicação médica. Um modelo de atenção integral à saúde dos trabalhadores implica em qualificar as práticas de saúde, envolvendo o atendimento dos acidentados do trabalho, dos trabalhadores doentes, das urgências e emergências, às ações de promoção e proteção da saúde e de vigilância, orientadas por critério epidemiológico. Para que isto ocorra de modo efetivo, exige abordagem interdisciplinar e a utilização de instrumentos, saberes, tecnologias originadas de diferentes áreas do conhecimento colocadas a serviço das necessidades dos trabalhadores (Brasil - Ministério da Saúde, 2004). Tradicionalmente, no Brasil, as políticas de desenvolvimento têm se restringido aos aspectos econômicos e vêm sendo delineadas de maneira pouco articulada com as políticas sociais, que são responsabilizadas pelo ônus dos possíveis danos gerados sobre a saúde da população, dos trabalhadores em particular e a degradação ambiental. Para que o governo cumpra seu papel, a fim de garantir esses direitos, é fundamental a formulação e a implementação de políticas e ações, que propõe a Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador – PNSST (Gomes e Lacaz, 2005). Esta política por sua vez, define as diretrizes, responsabilidades institucionais e mecanismos de financiamento, gestão, acompanhamento e controle social, que deverão orientar os planos de trabalho e ações intra e intersetoriais. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (2008), Autores defendem que a formulação de uma política de saúde do trabalhador deve contemplar algumas condições que possam intervir diretamente sobre o processo de saúde e doença, e especificamente para o setor público de saúde, do âmbito municipal ao federal, sendo necessário consolidar ações de saúde do trabalhador que abranjam da vigilância à assistência, em seu sentido amplo. Estas condições são contempladas na Norma Regulamentadora nº 32 e tem por finalidade estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral21. 5. Considerações FinaisA análise dos dados, na perspectiva saúde do trabalhador e acidentes de trabalho entre profissionais da saúde de um hospital universitário do interior do Sul do Brasil, permitiu o conhecimento relacionado aos aspectos sócio-demográficos, as questões inerentes a saúde do trabalhador, aos acidentes de trabalho, ao uso de EPI. Informações importantes tanto para as decisões gerenciais na área da gestão de pessoas como para a gestão da instituição. Assim é possível conhecer as características dos profissionais atuantes nesse hospital e, a partir dos resultados desse estudo, identificar oportunidades que devem ser trabalhadas, a fim de melhorar a qualidade de vida e saúde do trabalhador na instituição, gerando saúde e satisfação. Ao final do estudo, pode-se afirmar que dos trabalhadores do hospital entrevistados a maioria são do sexo feminino, casados, com idade média de 40 anos, com IMC no limite superior da normalidade e, na sua maioria, não são praticantes regulares de atividade física. Quanto às variáveis laborais, a maioria tem apenas um emprego e estão motivados no trabalho. No que se referem às variáveis, saúde e hábitos de vida, a maioria dos participantes realizam alguma atividade de lazer em suas horas livres. Considerável percentagem dos pesquisados são portadores de doenças crônicas, tiveram acidentes de trabalho e afastamentos por licença médica nos últimos anos. Em relação ao sono, constata-se que a maioria dorme menos do que os índices recomendados pela OMS e, uma pequena parcela necessita medicação indutora do sono. O grande desafio, a partir deste estudo, está relacionado à elaboração de estratégias que atendam as expectativas de desenvolvimento e valorização do trabalhador, com o intuito de melhorar o desempenho da instituição. As informações levantadas são relevantes para se investir nos trabalhadores da saúde nas diversas categorias profissionais. Como limitação do estudo, menciona-se o fato de ter sido realizado em um único Hospital Universitário do Rio Grande do Sul, o que remete a necessidade de considerar os resultados em sua singularidade, bem como a necessidade de realizarem novos estudos em outros Hospitais Universitários de outras regiões do país no intuito de caracterizar os trabalhadores da área da saúde de forma mais abrangente. ReferênciasALMEIDA I.M.; JACKSON FILHO, J.M. (2007). “Acidentes e sua prevenção”. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional. 32(115), p. 7-18. AQUINO, C. P. (1992). Administração de recursos humanos: uma introdução. São Paulo: Atlas. BÁLSAMO, A.C; FELLI, V.E.A. (2006). “Estudo sobre os acidentes de trabalho com exposição aos líquidos corporais humanos em trabalhadores da saúde de um hospital universitário”. Rev Latino-am Enfermagem, 14(3), p. 346-353. BERNDT, A.; COIMBRA, R. (1995). “As organizações como sistemas saudáveis”. Revista de Administração de Empresas, 35(4), p.33-41. BOOG, M. (2002). Manual de gestão de pessoas e equipes: estratégias e tendências. São Paulo: Gente, v.1. BRASIL. Ministério da Saúde (MS). (2006). Notificação de acidentes do trabalho: fatais, graves e com crianças e adolescentes. Série A - Normas e Manuais Técnicos. Disponível em <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/06_0442_M.pdf>. Acesso em: 08 Jul. 2011. BRASIL. Ministério da Saúde, OPAS. (2001). Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde. Série A. Normas e Manuais Técnicos; n. 114 Brasília/DF – Brasil. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). (2007). NR 5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. Disponível: <http://www.mte.gov.br/geral/funcoes/imprimir.asp?URL=/legislacao/normas_regulamento>. Acesso em: 13 Jul. 2011. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). (1978). Portaria n. 3.214. Disponível: <http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812C13D0FE012C1421949664B3/p_19780608_3214.pdf>. Acesso em: 10 Jul. 2011. BRASIL. Ministério da Saúde (MS). (2004). Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador – PNSST. Disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/insumos_portaria_interministerial_800.pdf>. Acesso em: 10 Jul. 2011. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). (2008). NR 32 – Segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BF2FD109A73CC/nr_32.pdf>. Acesso em: 10 Jul. 2011. CHEUNG, F.Y.L.; TANG, C.S.K. (2009). “Quality of work life as a mediator between emotional labor and work family interference”. Journal of Business and Psychology, pg. 245-255. CUTULI,J. A.; CAMPANUCCI, L.; TUSIANI, M.O. (1977). Seguridad Y higiene en el trabajo. Buenos Aires: Instituto Argentino. DAVIS, K.; NEWSTROM, J.W. (1992). Comportamento humano no trabalho – Uma abordagem psicológica. São Paulo: Pioneira. FALCÃO, C.; ROUSSELET, E.S. (1999). A segurança na obra. Rio de Janeiro: Interciência. FEIGENBAUN, A. et al. (trad. PASCHOA, C.R.). (2007). Governança Corporativa: Excelência e qualidade no topo. Rio de Janeiro: Qualitymark. FELDMAN, L.B. (Org.) (2008). Gestão de risco e segurança hospitalar: prevenção de danos ao paciente, notificação, auditoria de risco, aplicabilidade e ferramentas, monitoramento. São Paulo: Martinari. GIOMO, D.B.; FREITAS, F.C.T.; ALVES, L.A.; ROBAZZI, M.L.C.C. (2009). “Acidentes de trabalho, riscos ocupacionais e absenteísmo entre os trabalhadores de enfermagem hospitalar”. Rev. Enferm. UERJ, 17(1). SPINDOLA, T. (2000). “Mulher, mãe e... trabalhadora de enfermagem”. Rev.Esc.Enf. USP. 34(4), p. 354-61 GOMES, R.; REBELLO, L.E.F.S.; ARAÚJO, F.C.; NASCIMENTO, E.F. (2008). “A prevenção do câncer de próstata: uma revisão da literatura”. Ciência & saúde coletiva, 13(1), p. 235-246. GOMES, C.M.; LACAZ, F.A.C. (2005). “Saúde do trabalhador: novas-velhas questões”. Ciência & saúde coletiva, 10(4), p. 797-807. GUIMARÃES, L.A.M.; GRUBITS, S. (org.) (1999). Saúde mental e trabalho. São Paulo: Casa do Psicólogo. HACKMAN, R.; OLDHAM, G.R. (1975). “Development of the Job Diagnóstic Survei”. Journal of applied Psjchologs. p.159-170. HEMÉRITAS, A. B. (1994). Organizações e normas. 5ª edição. São Paulo, Atlas. HSU, M.Y.; KERNOHAN, G. (2006). “Dimensions of hospital nurses quality of working life”. Journal of Advanced Nursing. 54(1), p. 120-131. MARTINS, M.A.P.M. (2002). Bases para uma política de qualidade de vida no trabalho na Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ. (2002) Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Universidade Federal de Santa Maria, RS. 150 pg. MATOS, F.G. (1997). Fator QF – Ciclo de felicidade no trabalho. São Paulo: Makron Books. NAYERI, N.D.; SALEHI, T.; NOGHABI, A.A.A. (2011). “Quality of Work Life and Productivity”. Content Management. Pty Ltd. Contemporary Nurse, 39(1). OLIVEIRA, J.C. (2003). “Segurança e saúde no trabalho: uma questão mal compreendida”. São Paulo em Perspectiva. 17(2), p. 3-12. PAOLESCHI, B. (2009). CIPA: Guia prático de segurança do trabalho. 1 ed. São Paulo. Ed. Erica. PESSINI, L.; BARCHIFONTAINE, C. (2000). Problemas atuais de Bioética. 5ª ed. São Paulo: Loyola. PITTA, A. (1991). Hospital: dor e morte como ofício. São Paulo: Hucitec. QUELHAS, O.L.G.; MORGADO, C.R.V. (1993). “A importância da qualidade de vida no trabalho para a competitividade”. Revista Tendências do trabalho, São Paulo, V. 232, p. 17-23. RIBEIRO, E.J.G.; SHIMIZU, H.E. (2007). “Acidentes de trabalho com trabalhadores de enfermagem”. Revista Brasileira de Enfermagem. 60(05), p. 535-540. SCHLOSSER, J.F.; DEBIASI, H. (2001). Acidentes com tratores agrícolas: caracterização e prevenção. Santa Maria: UFSM, 86 p. (Caderno Didático). SANTOS, P.R.; NORONHA, N.H.; MATTOS, U.A.O.; SILVA, D. (2011). “Enfermagem e atenção à saúde do trabalhador: a experiência da ação de imunização na Fiocruz/Manguinhos”. Ciência & Saúde Coletiva, 16(2), 553-565. SARQUIS, L.M.; FELLI, V.E. A. (2002). “Acidentes de trabalho com instrumento perfurocortantes entre os trabalhadores de enfermagem”. Rev. Esc. de enf. USP. 36(3), p. 222-230. SÊCCO, I.A.O.; GUTIERREZ, P.R.; MATSUO, T.; ROBAZZI, M.L.C.C. (2003). “A Equipe de Enfermagem de Hospital Escola Público e os Acidentes de Trabalho com Material Biológico”. Ciências Biológicas e da Saúde. v. 24, p.21-36. SHIMIZU, H.E.; RIBEIRO, E.J.G. (2002). “Ocorrência de acidente de trabalho por materiais perfurocortantes e fluidos biológicos em estudantes e trabalhadores da saúde de um hospital escola de Brasília”. Rev. Esc. Enferm. USP. 36(4). SILVA, A.L.C. (2011). A segurança do trabalho como uma ferramenta para a melhoria da qualidade. Dissertação de mestrado (2011). Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Universidade Federal de Santa Maria, RS. SOCIEDADE BRASILEIRA DE UROLOGIA. (2003). Doenças da próstata: vença o tabu. Rio de Janeiro: Elsevier – Sociedade Brasileira de Urologia. UNESP. Faculdade de Engenharia e Tecnoloia. (1994). Prevenção e controle de riscos em máquinas. Bauru. ZENKNER, C.L.L. (2006). Proposta de gestão de riscos para o controle de infecção, a partir do diagnóstico de biossegurança, nas clínicas do curso de odontologia da UFSM. 2006, 114f. Dissertação (Mestre em Engenharia de Produção) - Universidade Federal de santa Maria, Santa Maria. ZÓCCHIO, A. (1971). Prática da prevenção de acidentes: ABC da segurança do trabalho. 2 ed. São Paulo: Atlas. |
|