Espacios. Vol. 37 (Nº 21) Año 2016. Pág. E-1
Felipe Antonio Machado Fagundes GONÇALVES 1; Guataçara dos SANTOS Junior 2
Recibido: 16/03/16 • Aprobado: 21/04/2016
4. Análise e discussão das dissertações
RESUMO: O presente artigo teve como objetivo quantificar as produções acadêmicas (dissertações) dos mestrados profissionais voltados ao desenvolvimento de propostas interdisciplinares para o Ensino de Estatística e Probabilidade. A busca foi realizada a partir dos cursos recomendados pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) na área de Ensino no Brasil. Foram pesquisados 49 programas de instituições de Ensino Superior do país, através do site de cada instituição entre os anos de 2006 a 2014. Devido ao fato de ser encontrada apenas uma dissertação que tinha como tema uma proposta interdisciplinar voltada para o Ensino de Estatística, foi realizada uma busca no conteúdo dos trabalhos objetivando encontrar considerações e implicações sobre a interdisciplinaridade na Educação Estatística. |
ABSTRACT: This study aimed to quantify the academic productions (dissertations) of professional master's degrees facing the development of interdisciplinary proposals for Statistics and Probability Teaching in Brazil. The search was accomplished from the courses recommended by Capes (Coordination of improvement of higher level staff) in the area of education in Brazil. They surveyed 49 programs of higher education institutions in the country through the website of each institution between the years 2006 to 2014. Because only one dissertation that had as its theme an interdisciplinary approach focused on Statistics Teaching, a search was carried out in the content of the work aiming to find considerations and implications about interdisciplinary in Statistics Education. |
Além da relevância da Estatística e Probabilidade no ensino atual, também são conteúdos bastante presente em diversas áreas do conhecimento, como por exemplo, na Biologia, Geografia, Física, Química, entre outros. Abrindo espaço para diversas situações que mostram a sua aplicabilidade, e para diversas possibilidades de intervenções em sala de aula. Mostrando-se um fator de grande importância para a elaboração de propostas interdisciplinares para o Ensino de Estatística e Probabilidade.
Batanero (2001) reforça a ideia da natureza interdisciplinar da Estatística, que faz que os conceitos estatísticos apareçam em diversas disciplinas. Dessa forma a Estatística não estaria restrita à disciplina de Matemática, mas sendo trabalhada e tratando de assuntos de diversas disciplinas de forma interdisciplinar. (LOPES, 2004).
Fazenda (2014) ressalta a necessidade do amadurecimento da ideia interdisciplinar dizendo que ela apenas se faz anunciar, e os educadores não sabem bem que fazer. Sentem-se perplexos com a possibilidade de sua implementação na educação, e em alguns casos essa perplexidade se traduz na tentativa de construir novos projetos para o ensino. Em todos esses projetos, contudo, percebe-se insegurança.
O desafio interdisciplinar também se encontra sintetizados no documento da Área Interdisciplinar da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes, 2008, p. 2), explicitando que a interdisciplinaridade é "onde se faz a relação entre os saberes, o encontro entre o teórico e prático, o filosófico e o científico, a ciência e a tecnologia, apresentando-se, assim, como um saber que responde a desafios do saber complexo"
Daí a necessidade de discutirmos sobre o tema na busca de ações interdisciplinares que impliquem em melhoras no Ensino de Estatística e Probabilidade, logo a seguinte pesquisa teve como objetivo quantificar as produções acadêmicas (dissertações) dos mestrados profissionais voltados ao desenvolvimento de propostas interdisciplinares para o Ensino de Estatística e Probabilidade entre os anos de 2006 a 2014, fomentando pesquisas interdisciplinares na Educação Estatística para o Ensino Básico, visto que ainda são em número reduzido. Pesquisas desse tipo, interdisciplinares, quando feitas com máximo de rigor, podem realmente constituir-se não só em elementos para revisão das práticas pedagógicas, mas como geradoras de novas práticas e novas pesquisas e de novas formas de fazer pesquisa (FAZENDA, 2014).
No sistema de ensino brasileiro, a Estatística ocupa um lugar muito pouco destacado nos cursos superiores e praticamente inexistente no ensino fundamental e médio, apesar de que o ensino do conhecimento estatístico, combinatório e probabilístico esteja previsto nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental (Ara, 2006). As propostas elaboradas no período 1980/1995, em diferentes países, apresentaram pontos de convergência, como: importância de trabalhar com amplo espectro de conteúdos, incluindo já no ensino fundamental, por exemplo, elementos de estatística, probabilidade e combinatória para atender à demanda social que indica a necessidade de abordar esses assuntos (BRASIL/PCN, 1998).
Os PCN destacam que será importante uma cuidadosa abordagem dos conteúdos de contagem, estatística e probabilidade no Ensino Médio, ampliando a interface entre o aprendizado da Matemática e das demais ciências e áreas. Compreender o caráter aleatório e não determinístico dos fenômenos naturais e sociais e utilizar instrumentos adequados para medidas, determinação de amostras e cálculo de probabilidades, também são competências e habilidades propostas nos PCN(BRASIL/PCN, 2000).
Além dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM), os PCN+ foram elaborados em 2002 como um caderno de apoio aos PCNEM, não possuem pretensão normativa, mas sim de facilitar a organização do trabalho da escola, concentrado nas disciplinas da área de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Neles, o ensino de Matemática é dividido em três temas estruturadores: álgebra: números e funções, geometria e medidas e análise de dados. Sobre o último que aqui fazemos referência, os PCN+ (2002) subdividem o tema estruturador em três unidades temáticas: Estatística, Contagem e Probabilidade, e expressam que análise de dados tem sido essencial em problemas sociais e econômicos, como nas estatísticas relacionadas a saúde, populações, transportes, orçamentos e questões de mercado.
Segundo os PCN+ (2002), a Estatística e a Probabilidade devem ser vistas, então, como:
um conjunto de idéias e procedimentos que permitem aplicar a Matemática em questões do mundo real, mais especialmente aquelas provenientes de outras áreas. Devem ser vistas também como formas de a Matemática quantificar e interpretar conjuntos de dados ou informações que não podem ser quantificados direta ou exatamente. Cabe à Estatística, por exemplo, analisar a intenção de voto em uma eleição ou o possível êxito do lançamento de um produto no mercado, antes da eleição em si e da fabricação do produto. Isso é feito através da pesquisa estatística, que envolve amostras, levantamento de dados e análise das informações obtidas.
Walichinski (2012), acredita que faz-se necessário criar oportunidades para que os educandos desde o Ensino Fundamental venham a desenvolver gradativamente o raciocínio e o pensamento estatísticos, competências necessárias para a formação de cidadãos letrados estatisticamente. A partir disso, Fernandes (2014) infere que: o ensino das instituições escolares pode explorar metodologias que priorizem a construção de estratégias e mecanismos próprios que objetivem a estruturação do conhecimento, instigando os alunos a se posicionar, decidir por um caminho e não outro, possuindo subsídios para argumentar e defender suas escolhas consistentemente.
Para Mendonça (2008), o ensino da Estatística deve, então, se concentrar em preparar os estudantes para pensar estatisticamente, o que requer um ensino que focalize mais que o cálculo de medidas, índices e resolução de listas de exercícios fictícios, que não fazem sentido para o aluno.Para tanto, Pereira (2013) corrobora que é interessante que conceitos estatísticos sejam trabalhados dentro do contexto real do aluno, para assim considerar, de fato, o aluno no processo de ensino e aprendizagem, compartilhando elementos significativos do seu cotidiano. Fazendo então, com que os conteúdos de Estatística e Probabilidade sejam aprendidos de maneira contextualizada, contribuindo para formação crítica dos cidadãos que irão usar tais conteúdos como ferramenta de decisão na hora das escolhas.
Todavia, para a implementação desses conteúdos faz-se necessário que a formação do professor trabalhe nessa perspectiva, isto implica incluir esses conteúdos no currículo dos cursos de Licenciatura de Matemática e Pedagogia (CARZOLA; CASTRO, 2008). Essas autoras também chamam a atenção para a reflexão sobre a formação de professores:
Nesse sentido, pensar nessa formação é primeiramente assumir que o atual currículo não responde a essa necessidade, visando um processo de mudança curricular que habilite o professor ser o agente ativo e reflexivo que participa da produção do conhecimento, atendendo as demandas sociais, culturais, econômicas e políticas da sociedade atual (CARZOLA; CASTRO, 2008).
Portanto, quando a formação de professores acenar para os objetivos da Educação Estatística, as necessidades poderão começar a serem supridas, professores sendo formados na mesma perspectiva, da produção do conhecimento, dando conta das demandas que a sociedade impõe. É na sala de aula que as teorias se tornam prática ao relacionar o cotidiano dos alunos aos conteúdos propostos pelo currículo, a fim de proporcionar uma aprendizagem que tenha sentido para os alunos e os prepare para atuarem como cidadãos críticos diante da gama de informações que os cercam (PEREIRA, 2013). Então cabe ao professor encontrar metodologias que o orientem na prática pedagógica e assim possam trazer resultados significativos para a Educação Estatística.
O movimento da interdisciplinaridade segundo Fazenda (1995) surge na Europa, principalmente na França e na Itália, em meados da década de 1960, chegando ao Brasil somente ao final desta mesma década, porém com sérias distorções causadas pelo modismo que o vocábulo desencadeou.
O avanço no âmbito interdisciplinar no Brasil só se deu a partir dos estudos desenvolvidos na década de 1970, principalmente os de Hilton Japiassú com a publicação do livro Interdisciplinaridade e patologia do saber em 1976, Ivani Cararina Arantes Fazenda a partir da dissertação de mestrado concluída em 1978 e intitulada Integração e interdisciplinaridade no Ensino Brasileiro: efetividade ou ideologia? E também com a contribuição de outros estudiosos brasileiros que se dedicaram ao estudo da interdisciplinaridade.
Desde então as pesquisas interdisciplinaridade vem ganhando corpo, segundo o documento da Área Interdisciplinar da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes, 2013), desde a sua criação em 1999, a Área Interdisciplinar vem apresentando a maior taxa de crescimento da CAPES, em 1999 o número de cursos de pós-graduação, mestrados e doutorados, da Área Interdisciplinar aprovados pela CAPES era de 46, em 2012 o número de cursos aprovados passou para 297.
O número de projetos educacionais que se intitulam interdisciplinares vem aumentando no Brasil, numa progressão geométrica, seja em instituições públicas ou privadas, em nível de escola e de sistema de ensino (FAZENDA, 1995). Entretanto, há o perigo de que as práticas interdisciplinares constituam práticas vazias ou meras proposições ideológicas, impedindo o questionamento de problemas reais (FAZENDA, 2014).
O ensino interdisciplinar propõe novos objetivos, novos métodos, rompendo a barreira entre as disciplinas, para Fazenda (2014) os currículos das disciplinas tradicionais, da forma como vêm sendo desenvolvidos, oferecem ao aluno apenas um acúmulo de informações pouco ou nada relevantes para sua vida profissional. A interdisciplinaridade, em sentido amplo, constitui uma perspectiva que visa superar a fragmentação do saber presente no sistema de ensino formal (SOUZA, 2003).
Novos problemas surgem no mundo contemporâneo, de diferentes níveis e muitas vezes causados pelo avanço científico e tecnológico. A natureza complexa de tais problemas, requer diálogos não só entre disciplinas próximas, dentro da mesma área do conhecimento, mas entre disciplinas de áreas diferentes, bem como saberes disciplinar e não disciplinar (CAPES, 2013). Assim, Pires (1998) destaca que apesar da necessidade que vem sendo sentida de integração entre as disciplinas, a realidade do ensino no Brasil, em todos os níveis, é a convivência cotidiana com uma organização de ensino fragmentada e desarticulada, em que os currículos escolares são constituídos por compartimentos estanques e incomunicáveis, que produzem uma formação humana e profissional de alunos e professores insuficiente para o enfrentamento das práticas sociais que exigem formação mais crítica e competente. Para Japiassu (1976), encontramo-nos diante de uma alienação científica. Diagnosticar o mal é apenas o primeiro momento. O interdisciplinar se apresenta como o remédio mais adequado à cancerização ou a patologia do saber.
Na literatura de educação em ciências e matemática, o entendimento sobre interdisciplinaridade, e mais especificamente a escolar, é bastante difuso, com diferentes acepções no que diz respeito desde as bases epistemológicas até as implementações pedagógicas factuais (LAVAQUI; BATISTA, 2007). Para Fazenda (2014) a interdisciplinaridade tem sido uma "utopia", sonhada por muitos, procurada por alguns.
Apesar das dificuldades para a construção do trabalho interdisciplinar numa estrutura de ensino como a nossa, estas propostas merecem ser analisadas, na perspectiva da especificidade de cada nível e cada curso, como uma possibilidade de viabilizar a construção do ensino interdisciplinar em nossas escolas (PIRES, 1998).
A cerca das pesquisas, a interdisciplinaridade tem sido enfoque em várias áreas do conhecimento, como proposta pedagógica que busca a quebra do paradigma do ensino atual, substituir o ensino fragmentado das disciplinas pelo ensino interdisciplinar, onde as disciplinas têm como objetivo comum a realização de práticas que favoreçam a aprendizagem significativa dos alunos, e que levem o aluno a construir o seu conhecimento através da integração do saber.
A interdisciplinaridade é também fruto de discussão e pesquisas que buscam o fortalecimento e o desenvolvimento de ações interdisciplinares no contexto escolar, trazendo assim contribuições para a aprendizagem dos alunos e para a educação como um todo. Contudo, sabemos que a interdisciplinaridade ainda está longe de ser uma prática comum nas escolas, necessitando o debate na formação de professores e também na formação continuada, apesar de ser tema de grande enfoque na educação, percebe-se a insegurança quando o assunto é interdisciplinaridade.
Este trabalho caracteriza-se por uma pesquisa básica, em uma abordagem quantitativa e qualitativa. Foram pesquisados 49 programas de mestrados profissionais na área de Ensino recomendados pela Capes-Brasil entre os anos de 2006 a 2014, a pesquisa realizou-se diretamente nos sites dos programas devido à falta de alguns trabalhos no portal da Capes-Brasil.
A coleta de dados partiu da busca por programas de pós-graduação recomendados pela Capes-Brasil, a partir daí realizou-se a seleção de programas com mestrados profissionais na área de Ensino, depois destas etapas buscou-se dissertações que visam propostas interdisciplinares para o Ensino de Estatística e Probabilidade na Educação Básica e Ensino Superior, devido à falta de produções que caracterizavam efetivas propostas interdisciplinares como tema de pesquisa, buscou-se no conteúdo das dissertações, considerações dos autores sobre a interdisciplinaridade no Ensino de Estatística e Probabilidade através da procura das palavras interdisciplinar e interdisciplinaridade, com o objetivo de verificar se os autores traziam considerações sobre a interdisciplinaridade, não significa que as dissertações que não trazem estas palavras não caracterizem atividades interdisciplinares, mas que não se depuseram ao estudo do tema. Em um segundo momento foi realizado uma categorização das dissertações, buscando elucidar em que rumo estão as pesquisas interdisciplinares no âmbito da Educação Estatística.
Em uma primeira análise foram encontradas 68 dissertações de mestrados profissionais voltadas para o Ensino de Estatística e Probabilidade, destas, 32 abordam a interdisciplinaridade em seus trabalhos, relatando seus ganhos e vantagens, mais sem muitos aprofundamentos teóricos, e uma busca uma proposta interdisciplinar para o Ensino de Estatística como tema principal de sua pesquisa, totalizando 33 dissertações que se dedicamos a análise. No gráfico a seguir tem-se a divisão dos trabalhos com relação à abordagem da interdisciplinaridade em seu conteúdo:
Gráfico 1- Dissertações voltadas para o Ensino de Estatística e
Probabilidade que abordam a interdisciplinaridade
Fonte: Autores
O gráfico acima mostra que do total de dissertações de mestrados profissionais voltadas para o Ensino de Estatística e Probabilidade 48,5% abordam a interdisciplinaridade. As defesas destas dissertações aconteceram entre os anos de 2006 e 2014, assim divididas:
Tabela 1: Defesas das dissertações de mestrados profissionais
que abordam a interdisciplinaridade e Educação Estatística no
período de 2006 a 2014
Fonte: Autores
Ano |
Quantidade de dissertações |
Porcentagens |
2006 |
0 |
0,0% |
2007 |
4 |
12,1% |
2008 |
3 |
9,1% |
2009 |
3 |
9,1% |
2010 |
4 |
12,1% |
2011 |
8 |
24,2% |
2012 |
3 |
9,1% |
2013 |
5 |
15,2% |
2014 |
3 |
9,1% |
Neste período, o ano de 2011 foi o que mais apresentou dissertações e como podemos observar (Tabela 1) o ano de 2006 não apresenta dissertações defendidas. O que podemos perceber também é que as dissertações defendidas se concentram em cinco estados Brasileiros, sendo dezoito produzidas em São Paulo, sete no Rio Grande do Sul, três no Rio de Janeiro, três no Paraná e duas em Minas gerais. Deste total, a PUC- SP é responsável por 54,5% das produções que abordam a interdisciplinaridade em suas dissertações voltadas para a Educação Estatística.
As regiões Sul e Sudeste foram as únicas que apresentaram dissertações dentro da área pesquisada. Lima et al. (2012), em sua pesquisa também observou que a maioria das produções voltadas para o Ensino de Estatística e Probabilidade no Brasil de 2001 a 2010 foram defendidas na região sudeste, assim como Damim et al. (2014) detectou que todas as dissertações encontradas na área da Estatística voltada para os anos finais do Ensino Fundamental foram produzidas no Sul e Sudeste. O que pode afetar o Ensino de Estatística e Probabilidade nas demais regiões brasileiras, devido a falta de pesquisa na área, assim como esta pesquisa aponta para a falta de pesquisas interdisciplinares voltadas para o Ensino de Estatística e Probabilidade nas demais regiões brasileiras.
Outra análise foi feita buscando identificar em quais níveis de ensino as dissertações eram direcionadas. A tabela a seguir expõe os resultados da análise:
Tabela 2: Divisão das dissertações de mestrados profissionais que
abordam a interdisciplinaridade e Educação Estatística por nível
de ensino
Fonte: Autores
Nível de ensino |
% |
Ensino Fundamental I |
9,1% |
Ensino Fundamental II |
39,4% |
Ensino fundamental e médio |
3,0% |
Ensino Médio |
39,4% |
Ensino Superior |
3,0% |
EJA |
6,1% |
De acordo com a análise, a interdisciplinaridade é abordada no Ensino de Estatística e Probabilidade com maior frequência no Ensino Médio e Fundamental II, totalizando 78,8% das publicações, sendo a menor parcela atribuída ao Ensino Superior.
Para Pagan (2009) a Estatística tem uma natureza intrinsecamente interdisciplinar. A natureza interdisciplinar que a autora propõe refere-se a presença da Estatística nas diversas áreas do conhecimento, bem como nas disciplinas escolares, sendo assim uma possibilidade de elaboração de propostas interdisciplinares no Ensino de Estatística e Probabilidade já que os seus conteúdos permeiam outras áreas e também o cotidiano dos alunos. Apesar de esta pesquisa apontar apenas uma dissertação que visa estudar os ganhos de um ensino pautado nos moldes da interdisciplinaridade para Educação Estatística, das 33 dissertações que abordam a interdisciplinaridade, 60,6% reconhece a natureza interdisciplinar da Estatística e da Probabilidade, apontando vantagens e direcionando possibilidades de intervenções estatísticas e probabilísticas em outras disciplinas.
Foi possível verificar que apesar da Área Interdisciplinar da Capes apontar crescimento o desenvolvimento de propostas interdisciplinares para o Ensino de Estatística e Probabilidade é ainda muito escasso dentre os mestrados profissionais no Brasil, ainda são poucas as pesquisas que se voltam para o estudo da interdisciplinaridade na Educação Estatística.
Podemos inferir também com base nos resultados da presente pesquisa, que as regiões Sul e Sudeste são responsáveis pelo total de dissertações de mestrados profissionais que abordam a interdisciplinaridade na área da Educação Estatística no Brasil, apontando assim uma defasagem das outras regiões em relação ao tema pesquisado. Assim como foi possível verificar que há uma tendência das pesquisas se voltarem para o Ensino Fundamental II e Ensino Médio, mostrando uma minoria de trabalhos que trazem considerações sobre a interdisciplinaridade no Ensino de Estatística e Probabilidade para o Ensino Superior.
Observou-se que as pesquisas na área escolhida que abordam a interdisciplinaridade, trazem considerações sobre os ganhos do ensino interdisciplinar para Educação Estatística, sendo um deles apontado por 60,6% dos trabalhos, o reconhecimento da natureza interdisciplinar contida na Estatística, já que seus conteúdos permeiam outras áreas de ensino, abrindo um leque de possibilidades para a efetivação de propostas interdisciplinares na sala de aula.
Por fim, cabe ressaltar o desprovimento de pesquisas na área da Educação Estatística que procuram reconhecer o ensino pautado nos moldes da interdisciplinaridade dentre os mestrados profissionais no Brasil, incentivando a procura da melhor compreensão da interdisciplinaridade que vem tomando cada vez mais campo e se tornando palavra de ordem na educação brasileira.
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1. Universidade Tecnológica Federal do Paraná: amfg_pr@hotmail.com
2. Universidade Tecnológica Federal do Paraná: guata@utfpr.edu.br